“…Nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.”
(Salmo 91:6)
No zênite do dia, quando o sol atinge seu ponto mais alto e as sombras se escondem sob nossos pés, algo silencioso acontece. É nesse momento — o meio-dia — que tanto a tradição mística quanto estudos contemporâneos indicam uma frequência incomum: a morte, com seus passos invisíveis, parece se manifestar com mais intensidade.
Pesquisas médicas mostram um aumento de óbitos entre 11h e 14h. As explicações científicas envolvem flutuações hormonais, pressão arterial, ritmo cardíaco — respostas biológicas ao auge do ciclo diurno. Mas para as tradições espirituais, o meio-dia é mais do que um ponto biológico: é um portão energético, uma linha tênue entre os mundos visível e invisível.
Para os antigos egípcios, o meio-dia era a hora de Rá, o deus solar. Sob sua luz plena, tudo era revelado — inclusive a hora da passagem. No hinduísmo, o meio-dia é considerado um momento sagrado para a recitação de mantras solares, como o Gayatri Mantra, que invoca iluminação espiritual e conexão com planos superiores.
No esoterismo judaico, o Salmo 91 já alertava: existe uma “mortandade que assola ao meio-dia”. A Cabala compreende esse horário como um momento em que a força do julgamento cósmico (Gevurá) se intensifica. No cristianismo, foi também ao meio-dia que, segundo os evangelhos, o céu escureceu durante a crucificação de Cristo — como se o tempo e a luz colapsassem diante do mistério da morte.
Na astrologia, o ponto mais alto do céu — o Meio do Céu — corresponde ao meio-dia. É o ápice da jornada, o ponto da realização do destino terreno. Morrer neste horário, dizem alguns ocultistas, é como alcançar o clímax do próprio caminho espiritual: partir quando a luz está mais forte, como uma alma que responde ao chamado solar.
Até mesmo a ufologia encontra sinais neste intervalo do dia. Muitos relatos de aparições inexplicáveis ocorrem entre meio-dia e entardecer. Alguns teóricos sugerem que esses horários representam instabilidades na malha dimensional, momentos em que a realidade vibra em frequências alteradas, permitindo manifestações incomuns — inclusive a transição da consciência para outros planos.
A morte ao meio-dia, portanto, pode ser lida não como coincidência, mas como sincronia. A alma, sentindo o ponto de máxima iluminação, reconhece o caminho de volta — não como fim, mas como retorno ao centro solar de onde tudo emana.
O meio-dia é, afinal, a revelação. A morte que acontece ali talvez não seja trágica, mas simbólica: a última verdade se mostra quando a luz é total.













